Num colégio interno, é muito provável que as colegas sejam de zonas muito distintas do país, sendo pouco frequente o encontro fora das paredes do colégio. Assim, quando chegávamos ao fim do ano letivo e sabíamos que iríamos estar uns três meses sem nos vermos, era ver aparecerem blocos e bloquinhos, que enchíamos de "autógrafos", pedidos não só às amigas de quem realmente iríamos ter saudades, mas a todas as colegas da turma.
Algumas colegas escreviam sempre a mesma coisa em todos os autógrafos que davam, outras eram mais imaginativas. Acho que eu oscilava entre os autógrafos imaginativos (para as amigas mais próximas) e os outros, mas sinceramente, não me lembro de fazer distinção - penso que escrever autógrafos de seguida deve estoirar a imaginação de qualquer um! [Se houver por aí algum@ estrela fartinh@ de dar autógrafos, manifeste-se!]
Bem, esta introdução já vai longa e nunca mais chego onde quero, que é a frase (citação) que tinha mais saída, que mais alunas utilizavam nos autógrafos que davam. Era a seguinte:
"Sorri, sorri sempre, mesmo que o teu sorriso seja triste, porque mais triste do que o teu sorriso é a tristeza de não saber sorrir."
Anos (muitos!) mais tarde, vivi quase três meses num mosteiro. Muito poderia escrever sobre isso, mas não será hoje. Hoje quero partilhar apenas uma memória e uma reflexão a partir dela (que será em comum com a da memória dos autógrafos, pois estão intimamente relacionadas).
Uma das monjas que me acompanhavam (eram duas, uma portuguesa e uma espanhola) disse-me a certa altura que eu andava com o semblante muito carregado (trocado por miúdos, estava com uma cara de "todos-me-devem-e-ninguém-me-paga") - o que, digo-vos eu, contrastava totalmente com as expressões pacíficas e felizes da totalidade das monjas e até das outras jovens que estavam numa fase de discernimento vocacional, tal como eu -. Eu disse à Hermana Felicidad que em algumas alturas do mês ficava assim - era mais forte do que eu -, mas ela disse-me para sorrir, apesar disso (disse-me outras coisas, mas resumindo, era isto).
Já muita coisa se passou desde que saí do mosteiro, mas, infelizmente, uma não mudou: eu fico com um humor terrível - pior do que consigo ser normalmente - em algumas alturas do mês. Tudo me chateia, tudo me irrita, um comportamento que noutro dia provoca uma chamada de atenção, nestas alturas provoca uma reação tempestuosa. E eu tenho noção que está a acontecer, que estou a exagerar, mas só quando estou assim há alguns dias é que dou conta do porquê. E detesto sentir-me assim. E peço desculpa aos meus filhos e às vezes aos meus alunos por alguns exageros, mas dali a umas semanas volta tudo ao mesmo.
Porque ainda agora passei/estou a passar por mais uma destas fases, lembrei-me dos autógrafos (e de como pode circular tanta sabedoria entre jovens) e lembrei-me da Irmã Felicidad e pensei para comigo:
"Ninguém tem que levar com